Prática de Ensino: Polo Montes
Claros
Síntese das disciplinas dos módulos
II, IV, VI do 2º semestre de 2016
O presente
trabalho é resultado do primeiro encontro de Prática de Ensino do Polo de
Montes Claros, que tem como objetivo apresentar uma síntese das disciplinas cursadas
nos módulos II, IV e VI do 2º semestre de 2016, do curso Licenciatura em
Educação do Campo da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri.
Em discussão sobre as
sínteses elaboradas por cada discente, percebemos que algumas disciplinas se
correlacionam, principalmente quando se trata da disciplina Culturas
Afro-brasileira e Indígena, ministrada no módulo II, cuja abordagem sobre as
questões de “Identidade” se relacionam também com outras disciplinas dos
módulos II, IV e VI. Ao se tratar do conceito de Identidade, conseguimos
entender que tanto o Brasil quanto os alunos da Licenciatura em Educação do
Campo são formados por diversas culturas. Tal variedade de saberes e costumes, que
são características da população brasileira em geral, especificamente das comunidades
tradicionais brasileiras, como os quilombolas, indígenas, ribeirinhos,
agricultores familiares, entre outros, contribui de forma significativa para a
formação de sujeitos e futuros professores (as), tornando-nos capazes de
transmitir aos nossos alun@s mecanismos que os farão críticos e formadores de
opiniões.
Com base no que foi apresentado
acima, o sujeito do campo compõe a sua história no contexto na medida em que
constrói a sua identidade de acordo com sua vivência, seja ele um sujeito
demarcador de seu território, conhecedor de seus direitos e atores do campo. É
necessário ressaltar que não há uma identidade fixa, ela é híbrida e muda
constantemente com o tempo e contato com outros grupos, culturas e saberes
diferentes, ao se constitui como um marco que nos caracteriza no mundo, e que
nos diferencia uns dos outros, tornando mais rica uma cultura.
Sobre
identidade e sujeitos do campo, Caldart afirma que:
A educação do
campo se identifica pelos seus sujeitos: é preciso compreender que por trás da
indicação geográfica e da frieza de dados estatísticos está uma parte do povo
brasileiro que vive neste lugar e desde as relações sociais específicas que
compõem a vida do campo, em suas diferentes identidades e em suas identidades comum;
estão pessoas de diferentes idades, estão famílias, comunidades organizações,
movimentos sociais... A perspectiva da educação do campo é exatamente a de
educar este povo, estas pessoas que trabalham no campo, para que se articulem,
se organizem e assumam a condição de sujeitos da direção de seu destino[...]
Trata-se de uma educação dos e não para os sujeitos do campo. Feita sim
através de políticas públicas, mas construídas com os próprios sujeitos dos
direitos que as exigem. (CALDART, 2002, p. 19)
Um outro ponto muito
importante, que surgiu durante as discussões para a elaboração da atividade de
Prática de Ensino, foi a questão da língua e da linguagem, presente em todos os
módulos. A língua não é apenas um organismo dinâmico, mas faz parte da
construção da identidade de cada indivíduo, sempre em constante desenvolvimento.
Por isso, a língua não é fixa e imutável, podendo ser formal ou informal, com
usos que podem (ou devem) ser determinados pelos contextos. Exemplo disso é a forma como um falante fala
com um amigo, que é diferente da forma que se fala com um professor, ou
presidente de alguma instituição etc.
Os estudiosos divergem sobre
o conceito de língua e linguagem. Chomsky (1965) afirma que todas as pessoas do
mundo podem falar qualquer língua, porque todos têm competência, contudo seu
desempenho vai depender do meio em que o indivíduo vive. Já Saussure (2008) acredita
que a língua é um fato social, assim como a fala depende da outra, seria um
sistema de signo que é a soma de tudo que temos na mente. Para Bakhtin (1995), a
língua está relacionada ao tempo, lugar e espaço, variando de acordo com o local
e o momento que o indivíduo está inserido. Com isso, acreditamos que enquanto
houver disputa de opiniões sempre teremos que pesquisar, para sabermos cada vez
mais sobre língua e linguagem.
Ao discutimos sobre a
Educação do Campo, podemos dizer que é uma educação processual, centrada na formação e autonomia humana, e não
uma educação que ensina o homem do campo a “falar certo”, porque não existe um “falar
certo”. É preciso respeitar o saber do homem do campo. Além disso, a relação
que o sujeito do campo tem com a linguagem é própria, formada culturalmente e
passada de geração em geração.
Afirma
Lunas e Rocha, sobre a formação do homem do campo, que:
A educação do
campo é entendida como processo de formação, e emancipação humana, envolvendo: ações formais: escolarização
desenvolvida pelo sistema escolar público nas esferas federal, estadual,
municipal, e comunitária; ações não informais:
formação política, sindical, técnica, produtiva, religiosa, cultural desenvolvida
por instituições governamentais de extensão rural, assistência técnica,
pesquisa e por órgãos não governamentais da sociedade civil; ações informais: as que se desenvolvem
na família, na comunidade, nas manifestações culturais, nos meios de comunicação,
no trabalho, muitas vezes espontâneas, vindas não só de organizações, mas,
sobretudo, de pessoas, que na vida cotidiana promovem ações educativas. (LUNAS;
ROCHA, 2010, p. 74)
Portando, temos que
entender que a Educação do Campo não é apenas para formação do sujeito do campo,
objetivando ensiná-lo a ler e a escrever simplesmente, e, sim, formá-lo como
cidadãos críticos, protagonistas dos seus conhecimentos e de sua própria
história, sabendo fazer valer seus direitos e cumprindo seus deveres.
Referências
Bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, Hucitec, 1995.
CHOMSKY, N. Aspectos of the theoy of syntax. Cabridge: The MIT Press, 1965.
CALDART, Roseli S. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção. In: Educação do campo: identidade e políticas públicas – Caderno 4.
Brasília: Articulação Nacional “Por Uma Educação Do Campo”, 2002.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Ed. Cultrix, 2008.
LUNAS, Alessandra da Costa; ROCHA,
Eliene Novaes. Práticas Pedagógicas e Formação
de Educadores (as) do Campo: caderno pedagógico da educação do campo. 2 Ed. Brasília: Editora Dupligráfica,
2010.
e isso ai
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